Manoel de Barros em entrevista publicada na coleção “Encontros” disse o seguinte:
"O que informa a palavra poética são as nossas memórias fósseis . Nós moramos nas nossas antecedências. De lá que a palavra poética nos traz. E só a invenção nos retira de lá. Saímos sempre em lanhos. Depois é preciso limpar as palavras. Dessa forma elas são autobiográficas. Trazem nossa feição, nossos conflitos, nossos desencontros. Lá, nas nossas antecedências, estamos nus, estamos verdadeiros." A matéria, o elemento fundamental da poesia é a palavra. E do ator? Qual seria o elemento fundamental do ator? Parece-me que seja a ação. Se pegarmos emprestada essa citação de Manoel de Barros e fizermos alguns ajustes podemos chegar a uma reflexão inspiradora para o ator interessado em trabalhar a partir de material pessoal, íntimo: O que anima o corpo poético são nossas memórias fósseis. É de lá - das nossas antecedências - que a ação nos traz. Só a invenção nos retira de lá. Saímos sempre em lanhos. Depois é preciso limpar as ações. Elas são, portanto, autobiográficas. Trazem nossa feição, nossos conflitos, nossos desencontros. Lá, nas nossas antecedências, estamos nus, estamos verdadeiros. A verdade do ator, como do poeta, só pode ser inventada. Nesse Curso de Teatro Físico vamos investigar como blocos de antecedências podem se inscrever na fabulação aqui-e-agora. Um acontecimento onde memória-ação-fabulação podem continuamente se reconfigurar criando novos 'modos de ser', novos modos de subjetivação. Vamos juntos??!? Veja o evento no facebook. Vem aí mais um curso de teatro físico com Gustavo Antunes e Julia Medina, com base nas técnicas de Grotowski e Zygmunt Molik. Estamos muito empolgados com nosso trabalho que dá ênfase ao "Corpo-Voz e Memória".
O curso será agora em fevereiro, no Anjos 70. Já está chegando! Escolha sua canção e venha participar conosco dessa experiência! Veja o evento no facebook.
Butoh, por exemplo, ele estudou lendo os escritos de Hijikata e vendo suas performances, como declarou em sua entrevista com Bonnie Sue Stein (outro trecho em destaque acima). Isso não impediu seu reconhecimento. Ministrou aulas de butoh em diversos lugares, durante um certo período, antes de chegar ao estágio atual de uma dança sem denominação, sem pertencer ao indivíduo. Foi naquela ocasião que meu mestre Alain Alberganti teve oportunidade de estudar com ele. Meu encontro com Min Tanaka Deu-se através da pesquisa em butoh - leitura, análise de vídeos -, e do compartilhamento da vivência experimentada por outro - meu mestre. Seu exemplo e método de trabalho impressionam: estuda sem parar, se transforma e vive a sua dança. Quando indagado sobre sua relação com o butoh, respondeu: "Eu tinha uma relação espiritual". Esse é o tipo de relação que acredito no trabalho que eu faço.
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Foto acima:Gustavo Antunes -"Abstratas". Notas Digitais
Sabe aquele caderno que é mais do que uma agenda? Que está com você o tempo todo para várias anotações? Então, aqui compartilho alguns desses registos. Memórias
Dezembro 2020
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